28 de setembro de 2009

Primavera que te quero ver, sentir e amar.


Alberto Caeiro

Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,

Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme

Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria

E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.

Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.

Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Um comentário :

  1. Oi Eliane.
    Magnifico poema. Parabéns pela escolha. A primavera estimula o que há de mais belo na tua sensibilidade.

    Um beijo.

    PS: Gostei do novo visual.

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