23 de janeiro de 2011

Antes de tudo.


Antes de tudo...
Antes de ter filhos, antes de querer escolher meus próprios rumos...antes de me encontrar comigo mesma...enfim antes de ter consciência do que poderia fazer na vida.
Antes... eu estive lá, não sei muito bem por que decidi ir até aquele ponto do mundo,só sei que um dia resolvi largar tudo de mão, minha "instabilidade" como funcionária na Assembléia Legislativa do RS...uma loucura pelo ponto de vista da família, um despropósito pelos sanguessugas de plantão, uma traição para os colegas que nem gostavam do meu trabalho, enfim uma mudança radical, mas como eu sempre senti que a melhor forma de resolver um problema é uma passagem de avião, resolvi pegar o trem da morte e ir até a Bolívia.
Antes de ir tive que desfazer um namoro antigo, o cara achou que eu estava querendo me envolver com tráfico de drogas, virar mula...como as pessoas me conhecem pouco, ou serei eu que na verdade sempre deixei que pensassem o que quisessem de mim sem me importar com a opinião alheia, bom o certo é que fui.
Fui até Sampa, embarquei no trem da morte e não morri, muito antes pelo contrario, encontrei pessoas maravilhosas, conheci lugares que se puder voltarei para ver como estão agora e claro fui no mercado das bruxas em Cusco, comi um monte de coisas que não comeria aqui, mas o que não esqueço até hoje... das conversas a noite, antes de dormir, eu acabava indo dormir muito tarde e acordando muito cedo...encontrei uma nova maneira de ver a vida, descobri o respeito pelos antepassados, a beleza dos alimentos crus, a delicia do aroma dos temperos frescos, a mágica das cores nas roupas das cholas, o vermelho intenso do algodão das saias rodadas.
E descobri que sou uma andarilha sem raízes, que espera da vida somente uma estrada que me leve até onde DEUS queira... sem perguntas...sem respostas, mas sempre com a certeza de que existe sim amor entre as pessoas, principalmente entre aquelas que respeitam suas crenças e suas diferenças.
   

Um comentário :

  1. Oi Eliane.
    Imagino que tenha sido uma experiência de vida fascinante, aquele tipo de aventura arrojada que, geralmente, só é possível na intrepidez (irresponsável?) da juventude. Bom que você permitiu-se a este vôo solo. Lembranças para toda a vida.

    Beijo.

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